Até quando? Pergunta que me corroe dia-a-dia. Vivo descalço em uma estrada
cheia de espinhos e cacos de vidro pontiagudos.
Cada passo é amargo e ao sentir a planta dos meus pés machucados, vejo graça.
O calço que me trará alivio está ao meu alcance, basta o estender de minhas mãos. Quando calço as palavras, as minhas feridas são saradas e encontro alivio á minhas dores.
Simplesmente, por motivos irracionais e até mesmo de curiosidade, esqueço do que passei
e tiro o calço de meus pés, atirando-os longe, voltando a
pisar no árduo e doloroso peso.
Por minha simples vontade sou submetido a chicotadas.
Quero e devo permanecer com o calço para chegar ao final do caminho com os pés sem alguma perfuração, pois irão exigir isso de mim.
Chegarei cansado, mas com os pés limpos, com gratificação pela insistência!